Hipomelanose gutata idiopática: as “sardas brancas”

A hipomelanose gutata idiopática (HGI), também conhecida como leucodermia puntata solar e, popularmente, como sardas brancas, é uma condição dermatológica frequentemente encontrada em adultos de meia-idade e idosos, caracterizada por pequenas manchas brancas na pele. Essas lesões, embora benignas, podem causar desconforto estético significativo em alguns pacientes. Apesar de sua prevalência crescente com o avanço da idade e sua associação com a exposição solar, os mecanismos exatos por trás da HGI ainda são objeto de estudo, apresentando desafios tanto no diagnóstico quanto no tratamento.

Pigmentação da pele

A tonalidade da pele humana é primariamente determinada pela presença de dois tipos principais de melanina: a eumelanina, que tende a ser mais escura em tons marrons e pretos, e a feomelanina, que possui uma tonalidade amarelo-avermelhada. Além disso, outros fatores como o fluxo sanguíneo nos capilares, substâncias coloridas como o caroteno ou o licopeno, e a composição de colágeno na derme também desempenham papéis significativos. Mudanças na pigmentação da pele podem surgir devido ao aumento ou à diminuição na produção de melanina, distribuição irregular da mesma, diminuição nos níveis de hemoglobina ou deposição de substâncias externas.

O termo “hipopigmentação” é utilizado para descrever de forma geral qualquer condição em que ocorra uma redução ou ausência de pigmentação na pele, seja devido à diminuição de melanina, hemoglobina ou por outras razões. Por sua vez, “hipomelanose” refere-se especificamente à diminuição da quantidade de melanina na epiderme. Distúrbios de hipopigmentação podem ser de origem congênita ou adquirida, e podem se manifestar de forma difusa (afetando grandes áreas do corpo) ou localizada. Frequentemente, essas condições podem surgir isoladamente ou estar associadas a uma variedade de distúrbios congênitos ou adquiridos.

Aspectos gerais da hipomelanose gutata idiopática

A HGI é uma condição caracterizada por pequenas manchas brancas, redondas ou ovais na pele, que geralmente aparecem em pessoas de meia-idade ou idosas. Sua prevalência aumenta com a idade, afetando aproximadamente 70 a mais de 80 por cento das pessoas com mais de 40 anos. A HGI tende a ocorrer em indivíduos de pele clara, sem preferência por sexo.

A causa exata desta afecção ainda não é conhecida. Uma teoria sugere que pode resultar da exposição crônica aos raios ultravioleta combinada com o processo natural de envelhecimento. No entanto, o trauma também é um possível fator desencadeante.

Quadro clínico

Os pacientes com HGI apresentam múltiplas manchas pequenas e discretas, geralmente com 2 a 6 mm de diâmetro, mais claras que a pele ao redor. Essas manchas podem ter uma superfície lisa, mas ocasionalmente podem ser escamosas. Elas são mais comumente encontradas em áreas expostas ao sol, como a parte anterior das pernas e a parte externa dos antebraços. Apesar idisso, também possam ocorrer em áreas protegidas do sol e, raramente, no rosto.

leucodermia gutata

Alterações microscópicas

Em termos histopatológicos, as lesões de HGI mostram uma redução no número de melanócitos, diminuição da pigmentação de melanina e hiperqueratose. Estudos de microscopia eletrônica sugerem que a HGI pode ser consequência de um defeito funcional na transferência de melanossomas para os queratinócitos, mesmo na ausência de anormalidades estruturais nos melanócitos.

Tratamento

As lesões de HGI geralmente não crescem em tamanho, mas seu número aumenta com a idade. Não se observa repigmentação espontânea. Embora o tratamento geralmente não seja necessário, várias opções terapêuticas têm sido tentadas por razões estéticas. Dentre elas estão: os inibidores tópicos de calcineurina, laser de CO2 fracionado, fenol, tatuagem com fluorouracil e crioterapia. Apesar dos esforços, os resultados são inconsistentes.

Considerações finais

Em suma, a hipomelanose gutata idiopática representa um desafio clínico em dermatologia devido à sua natureza multifacetada e à falta de compreensão completa de seus mecanismos subjacentes. Embora geralmente não cause problemas de saúde significativos, ela pode afetar a qualidade de vida de alguns pacientes devido às preocupações estéticas. Portanto, uma boa relação médico-paciente é necessária para conhecer as necessidades e angústias do paciente e, assim, estabelecer a conduta mais adequada.